sexta-feira, 27 de maio de 2016

E as visitas continuam... Em Fevereiro de 2016, a Sandra e os Cachorrinhos foram recebidos pelos meninos do Centro Bem Estar Infantil de Monte Real e o Jardim "Os Pequeninos" de Vieira de Leiria.

Monte Real

Alguns dos muitos desenhos dos meninos de Monte Real




A magia do Braille... que giro tem pontinhos ...


E o presente dos meninos do Jardim "Os Pequeninos" para a Sandra, um novo livro da estória dos cachorrinhos

Pelo Natal de 2015, "A Bruxinha Despenteada" e " O Lar dos Cachorrinhos" visitaram os amigos

   Educação especial da Escola Correia Mateus
Centro Escolar da Barreira, Leiria
 
Jardim Escola João de Deus, Leiria

domingo, 22 de maio de 2016

Texto com que participei no “Concurso Internacional Onkyo Braille”, tendo sido um dos escolhidos para representar o nosso país.

Sandra Jordão, Feminino
Leiria, Portugal



O menino cego

Desde criança que me impressiona imenso esta palavra: B R A I L L E. Lembro-me de a ter ouvido pela primeira vez na escola primária, quando  “o menino cego”– como era chamado – veio para a minha sala a meio do ano letivo. Ele fazia-se acompanhar de uma bengala cujo som rapidamente se tornou parte do ambiente escolar. A princípio não olhei muito para ele, não o encarava bem de frente porque me sentia embaraçada, mas um dia meti conversa com ele e com a minha mão elevei- lhe um pouco o queixo. Pude ver então, os seus olhos grandes e brancos que me deixaram bastante impressionada: duas bolas salientes e brilhantes como a lua que me fizeram dar um passo atrás e derrubar o copo dos lápis da mesa da professora. Nunca vira ninguém assim, mas envergonhei-me pela minha reação.
“O menino cego”apercebendo-se do meu desconforto, pelo movimento repentino que fiz, tentou acalmar- me mas tudo o que consegui foi afastar- me. A partir desse dia, sempre que o via, disfarçava o incómodo que aqueles olhos me causavam, no entanto, penso que ele se apercebia disso e com o tempo deixou de me falar.
No recreio, ele costumava ficar sentado num banco debaixo da árvore grande e eu observava-o ao longe. Ele tirava da mochila um livro que colocava no colo e, com os seus pequenos dedos percorria as folhas, uma a uma, com espantosa rapidez. Então, um dia, ganhei coragem e aproximei-me dele e perguntei-lhe o que estava a fazer com aquele livro com as páginas em branco. Respondeu-me que lia. Então sentei-me a seu lado e fiquei a ouvi-lo ler em voz alta. Mas para mim era um enigma, como poderia ele ler sem letras?
Foi então que me disse: “Estas letras são mágicas! E, agarrando-me na mão, colocou-a em cima do livro. Com os meus dedos pude  sentir os pontos elevados na folha de papel e fechei os olhos. O meu amigo continuou a ler e eu fiquei maravilhada.
Ele simplesmente sorriu para mim e explicou-me com como eu poderia ler apenas pelo toque naqueles pontinhos, a escrita dos cegos - o  B R A I L L E.  O meu amigo aprendeu a ler Braille em três semanas, tal era a sua ânsia de aprender a ler sem ter que depender de ninguém. Para ele a leitura era o que mais o fascinava, pois sentia-se igual a toda a gente.
Foi o meu primeiro contato com essa escrita mágica que nos aproximou um do outro, sem diferenças ou limitações.
“O menino cego” ensinou-me a valorizar os livros, o cheiro do papel, da tinta, o tacto, a textura, o folhear folha a folha, o sentir cada palavra, que é como entrar num portal e do lado de lá encontrar um mundo completamente novo e mágico, onde somos todos iguais.
Ele costumava dizer-me: “Ler  B R A I L L E é a forma mágica de se fazer transportar para um novo mundo, o mundo dos sonhos, do conhecimento, traduzido em pequenos pontos palpáveis e sentidos nas pontas dos dedos!”.
O B R A I L L E abriu- me os olhos para uma realidade que eu não conhecia, fechar os olhos e sentir nas folhas de papel os relevos, a escrita, comunicar  para além do que é visível aos olhos, mas acima de tudo, visível no coração, através dos outros sentidos.
Nunca mais vi o meu amigo cego, porque ele mudou de residência e perdi-lhe o rasto, mas também nunca mais me esqueci dos momentos que passámos juntos a ler e a sonhar.
Muitos anos mais tarde, era eu então mãe pela terceira vez, realizei um sonho que me acompanhava desde a infância ao publicar o meu primeiro livro infantil e comecei, em part-time, a visitar escolas e jardins de infância a contar a minha história aos meninos e a partilhar com eles os meus sonhos.
Nessa caminhada presenciei coisas maravilhosas, como um dia,  estando à  conversa com as crianças, houve uma que me disse: “mas os meninos cegos não podem ler a tua história!” De repente, fui acometida por um flash inesperado daquela recordação do meu amigo de infância, que passava os dias a ler com a ponta dos dedos. Tive muita vontade de fazer o B R A I L L E e proporcionar às crianças momentos felizes com a minha hitória e na procura incessante dos meios para levar a cabo esta tarefa, encontrei pessoas que gostaram da minha ideia e que tornaram o meu projeto uma realidade.
Os meus livros estão hoje à disposição das crianças nas Acapos de Portugal e nas bibliotecas escolares, mas muito me espantou ouvir dizer que o B R A I L L E está a cair em desuso, talvez pelo facto da tecnologia estar de tal forma avançada que ler um livro online ou ouvi-lo em áudio são, talvez,  as formas mais procuradas e mais rápidas de ler, o que para mim é inconcebível, pois adquiri o gosto pelos livros em papel desde a infância e não imagino num mundo sem livros, sem folhear as páginas e sentir-lhes o cheiro e a textura.
 No entanto, também recebi a notícia num Centro para Cegos,  que uma criança que normalmente “fugia” ao B R A I L L E, requisitou o meu livro para ler em casa, o que me deixou sensibilizada e orgulhosa, por estar a fazer algo positivo pelo B R A I L L E.
Outra situação que me deixou muito feliz e emocionada foi no dia em que estive na companhia dum grupo de crianças e jovens cegos, tendo um  menino me  agarrado  na mão por três vezes vezes, levando-a ao seu rosto e, na terceira vez disse baixinho para mim: “gosto muito de ti!”, outra  criança que tocou no desenho da personagem principal (em relevo) e disse: “Olha, ela está toda despenteada!”, ao que todos se riram. Houve uma menina no grupo que leu para nós a minha história e no final contou-me que havia aprendido a ler o braille em 3 semanas, tal como o meu amigo. Também para ela o  cheiro, a textura e o sentir o folhear das páginas era imprescindível e sem comparação aos livros online: “nada se compara a sentir os pontinhos com os dedos e a mensagem surgir como por magia; códigos decifrados que desvendam histórias. Indescritível e incomparável”– disse-me ela.


E tal como “o menino cego”, também ela tinha duas bolas brancas nos olhos, mas desta vez não me causou qualquer outro sentimento a não ser o de cumplicidade e igualdade,  pois tal como ela eu adoro os livros!

sexta-feira, 20 de maio de 2016

Feliz Aniversário Bruxinha Despenteada!!

A Bruxinha Despenteada fez 3 anos em Outubro 2015, e para comemorar, ela convidou os amigos a conhecer o 3º livro infantil publicado da autora Sandra Jordão - "O Lar dos Cachorrinhos".




E sabem como nasceu esta estória? Pois bem, eu conto, com outra estória:

"Era uma vez a Sandra que estava na sua aula de inglês para fazer o First Certificate. Um dos sonhos da Sandra quando era menina era ser professora de inglês. Mas tal não foi possível e, um dia, já mãe de 3 potinhos de ouro, a Sandra decidiu ir tirar um curso de inglês. Começou pelo First Certificate, pois já tinha estudado até ao 12º ano e o seu nível de inglês era para este exame.
Então um dia, na aula de inglês, foi dado à Sandra um teste e nesse teste ela tinha de escrever uma "Short Story" (pequena estória), a começar com a frase seguinte:

"Joanna turned off the lights and looked out of the window into the dark street".





E, nascia assim, o primeiro capítulo da estória : "O Lar dos Cachorrinhos", pois a Sandra imaginou logo um livro carregado de aventuras.


Depois a Sandra foi contar o 1º capítulo aos colegas de turma de uma dos seus potinhos de ouro e as críticas foram as melhores, o que quer dizer por miúdos, que eles adoraram e pediram mais.
Então a Sandra escreveu mais dois capítulos e o último escreveu quando já só faltava uma semana para acabar o ano lectivo. Pois é! Prometido é devido! E a Sandra havia prometido aos alunos.

O capítulo final é enternecedor e feliz. Sim, porque a Sandra só acredita em finais felizes!


Estão a ver que, duma simples frase, se pode inventar uma estória fabulosa?!



Então do que estão à espera? Vá lá, toca a escrever!!














terça-feira, 17 de maio de 2016

Biblioteca Afonso Lopes Vieira, Novembro 2015



 A estória dos 7 cachorrinhos encantou as crianças, mas também os seus pais e avós Afinal quem não gosta de cachorrinhos tão amorosos?
O Traquinas, A Torneirinha, o Lobinho, o Bochechas, O PomPom, o Dorminhoco e o Bolinhas.




- " Sandra, eu já tenho a Bruxinha Despenteada!"

- "Eu cheguei atrasada e não ouvi a estória..." - disse a menina à escritora, ao que ela lhe respondeu:
- "Não faz mal, eu conto para ti!"